quinta-feira, 25 de agosto de 2011

DOM CARLOS DUARTE COSTA - 8/12/1924


CARLOS DUARTE COSTA. Recebe os dois primeiros nomes Carlos Duarte, de seu avô materno, o pai de Dona Maria Carlota.
Nasceu a 21 de Julho de 1888 na Freguesia de Santo Antônio, no Rio de Janeiro, na Rua Silva Manuel, N.º 48 (atual rua André Cavalcanti), na residência de seu tio, o então Cônego Eduardo Duarte da Silva. Filho de João da Matta Francisco Costa e Dona Maria Carlota Duarte da Silva Costa.
foi batizado no dia 03 de setembro de 1888, pelo Padre Francisco Goulard
Fez sua primeira comunhão no dia 24 de julho de 1897.
Concluiu seus estudos primários no Colégio Santa Rosa, em Niterói, Rio de Janeiro.
Criança, com apenas nove anos, inusitadamente seu tio o leva a Roma para estudar no Colégio Internato Pio-Latino Americano.
Moço, doente, voltou ao Brasil, concluindo a Teologia, em Uberaba.
Foi presbítero no dia 1º de abril de 1911, pelas mãos de seu tio Dom Eduardo Duarte Silva, no dia 01 de abril de 1911,. Na mesma igreja catedral de Uberaba, celebrou sua primeira missa festiva no dia 04 de maio de 1911.
Em 1911 e 1912, trabalhou com seu tio Dom Eduardo em Uberaba como secretário, e, a 04 de março de 1912, mudou-se para o Rio de Janeiro para ser o pároco coadjutor da paróquia de Santa Rita, onde permaneceu até 03 de setembro de 1913, quando foi transferido para a Paróquia da Glória.
Em 05 de fevereiro de 1914 foi nomeado pároco coadjutor do Cura da Catedral do Rio, e logo após, pároco da Igreja da Luz, onde permaneceu até 1916, quando foi nomeado Secretário de Dom Sebastião Leme, exercendo essa função até 24 de maio de 1923, quando foi nomeado Vigário Geral da Arquidiocese do Rio de Janeiro.
Em 1920, já é cônego do Cabido Metropolitano do Rio de Janeiro.
Devido à morte de seu primeiro bispo,  Dom Lúcio em 1923, Botucatu permanecia vacante.
No dia 4 de julho de 1924, o Papa Pio XI, tomava várias decisões referentes ao Brasil, nomeava o sucessor de Dom Eduardo para Uberaba, na pessoa de Dom Antônio de Almeida Lustosa, S.D.B; o Primeiro bispo de Sorocaba, Dom José Carlos de Aguirre , e o  também Primeiro bispo de  Juiz de Fora, Dom Justino José de Sant’Ana, assim como o Bispo Coadjutor de Campanha  Dom Inocêncio Engelke, O.F.M, mas sobre Botucatu, ele tomava duas decisões, primeiro dividia aquela vasta diocese, criando a de Sorocaba, e em seguida elegia o segundo Bispo diocesano de Botucatu, o qual com apenas  36 anos de idade era o mais jovem daquelas nomeações.
Assim é que na velha Catedral Metropolitana em 8 de dezembro daquele mesmo ano, DOM CARLOS viria a ser sagrado pelo Arcebispo  Dom Sebastião Leme, e co-sagrantes:Dom Alberto José Gonçalves, Bispo de Ribeirão Preto e Dom Benedito de Paula, Bispo Diocesano do Espírito Santo.
O 2º Bispo de Botucatu, Dom Carlos Duarte Costa, tomou posse a 2 de fevereiro de 1925 de sua diocese. Seu lema episcopal era: “Dominus Illuminatio Mea”, que quer dizer “O Senhor é minha Luz”.
Já em 21 de junho de 1926, a Diocese de Botucatu era de novo dividida para a criação da Diocese de Cafelândia (hoje Lins)
Em 30de novembro de 1928 de novo aquela diocese dava origem a uma nova, agora em Assis.
Com a experiência administrativa adquirida na Arquidiocese do Rio de Janeiro, fundou o jornal “O Apóstolo” para que os fiéis fossem evangelizados e assim pudessem acompanhar a vida religiosa da Diocese.
Também construiu o Orfanato para Meninas “Amando de Barros”, satisfazendo dessa forma, a vontade do finado Coronel.
Mas a grande aspiração de Dom Carlos era construir uma majestosa Catedral, uma vez que a antiga (de 1888) não tinha mais condições, e a 08 de dezembro de 1927, dois anos após sua chegada a Botucatu, lançou a pedra fundamental da Catedral de Sant’Ana. Fundou a Congregação das “Missionárias de Santa Terezinha do Menino Jesus” em 07 de junho de 1928 na cidade de Botucatu.
Em
Com a vinda do curso ginasial e da Escola Superior de Comércio para o prédio Seminário em 1934, Dom Carlos decidiu construir um Novo Palácio Episcopal para que o Seminário mudasse para o Prédio do Palácio Episcopal. Concretizado o plano, a 02 de fevereiro de 1932 lançou a pedra fundamental do novo Palácio, e já em 1934, Dom Carlos estava residindo no novo Palácio.
Na década de 30 foi um dos grandes articuladores da Liga Católica Eleitoral, onde defendia o voto católico a políticos também católicos. Pretendia dessa formar preservar o princípio Cristão nas Leis e Atos Políticos, como por exemplo, a criação de uma norma legal para o divorcio, que é um ato negado aos pobres pela Igreja católicas, mas amplamente amparado pela Bíblia.
Em 1932, por ocasião da Revolução Constitucionalista, Dom Carlos formou um “Batalhão dos Caçadores Diocesano”, mais conhecido como o “Batalhão do Bispo”, para lutar ao lado das Tropas Constitucionalistas. Tal ato causou grande repercussão nacional; Houve quem o apoiasse, pois sendo Dom Carlos carioca, levantou a bandeira paulista e fez mais que muitos compatriotas; Mas houve também quem desaprovasse, por sórdida inveja ao seu desempenho popular, agindo como verdadeiro Moisés, buscando por todas as formas e meios a  libertação para o povo brasileiro.
Em 18 de abril de 1930, falece o cardeal Arcoverde, amigo e benfeitor de Dom Carlos.
A partir daqui ele começa a sofrer por conta da inveja e da perseguição de seus colegas de episcopado.
Em razão da construção da nova Catedral, do Orfanato e do Colégio, além de outros empreendimentos, Dom Carlos inicia a venda de vários bens da Diocese para poder sanar as dívidas, contraídas com a finalidade de amparar, ajudar e socorrer os pobres e famintos da época. Os benefícios de sua brilhante administração ainda estão erguidos na cidade paulista de Botucatu, como prova de sua capacidade.
Em 15 de agosto de 1934, em Aparecida da Água da Rosa de São Manuel ordenou sacerdote ao Pe.  José Melhado Campos, futuro Bispo de Sorocaba o único sacerdote do clero de Botucatu até hoje a chegar ao episcopado.
Esse espírito bondoso e caridoso do Santo Bispo, desagradou muitíssimo a corte romana e o Papa Pio XI resolveu afastar Dom Carlos do governo da Diocese de Botucatu, obrigando-o a apresentar sua renúncia.
A renúncia de Dom Carlos ocorreu no dia 22 de setembro de 1937. Mesmo dia em que Dom Carlos foi nomeado Bispo Titular de Maura, E sua saída da diocese deu-se em 15/10/1937.
Dom Carlos mudou-se para o Rio de Janeiro, onde continuou sua luta contra o regime de Getúlio Vargas e da aliança do Vaticano com os regimes totalitários.
Em 1940, ainda que simples bispo titular, tinha prestigio suficiente para ser co-sagrante de Dom Eliseu Maria Corolli.Sagração essa presidida pelo núncio Aloísio Masella e tendo como segundo co-sagrante o bispo auxiliar de Campinas Dom  Joaquim Mamede da Silva Leite.
Afastado de sua Diocese, Dom Carlos encontra no Rio seu pai espiritual, O Cardeal Leme, o qual o protege e lhe concede todas as faculdades necessárias para seguir sua missão episcopal.
Mas em 17 de outubro de 1942 falece o Cardeal Leme e seu sucessor, que tomará posse em 15/09/1943, o futuro Cardeal Jaime de Barros Câmara, será um algoz implcavel contra Dom Carlos.
Já em 1944 foi preso e pressões internacionais encabeçadas pelo presidente norte-americano Franklin Delano Roosevelt e pelo primeiro-ministro britânico Winston Churchill fizeram com que o governo federal libertasse-o.
Em 1944, Dom Carlos prefacia o livro “O Poder Soviético”, de autoria de Hewlett Johnson, Deão de Canterbury.Tal ato repercutiu positivamente em todo o país: Como um Bispo Católico poderia defender um Anglicano?
O Reverendo Hewlett Johnson fera um clérigo anglicano (1874-1966), Decano de Manchester e mais tarde Decano de Canterbury, onde adquiriu o apelido de O decano vermelho de Canterbury por haver sustentado uma posição favorável ao regime soviético.
Em 10 de julho de 1944, Dom Carlos foi proibido de pregar o Evangelho de Cristo e confessar os fiéis, decisão essa proferida pela Câmara Eclesiástica em retaliação aos pronunciamentos proferidos pelo Bispo de Maura.
No dia 06 de junho de 1944, Dom Carlos é preso em sua residência acusado de Comunista, permanecendo preso até 06 de setembro de 1944, quando foi solto a pedido da Associação Brasileira de Imprensa e das Nações Unidas, que interveio junto ao Governo Brasileiro por intermédio de suas embaixadas.
Várias foram as advertências feitas a Dom Carlos pela administração Apostólica Romana. Mas quanto mais era advertido, mais defendia a fé Cristã, os operários, e a pátria contra os fascistas e nazistas existentes na Igreja e sua Hierarquia. Esgotadas as possibilidades de submissão com Dom Carlos, o mesmo foi excomungado.
Em 1945 Dom Carlos denunciou a Operação Odessa, que afirmou ter sido organizada pelo Vaticano para permitir a fuga de oficiais nazistas.
 Ao saber da excomunhão pelos jornais, Dom Carlos, funda a Igreja Católica Apostólica Brasileira a 06 de julho de 1945. Apenas 12 dias depois ordena sacerdote ao Revdo Salomão Ferraz, o qual vinha após ser pastor presbiteriano, desejava tornar-se católico e assim em 15/08/1945 é sagrado Bispo de São Paulo.
Três dias depois (18/08/1945) Em seu maravilhoso “manifesto à Nação”, Dom Carlos critica a Igreja Católica Romana e coloca os princípios evangélicos no centro da Igreja Católica Apostólica Brasileira.
Em 02/02/1946 sagra Dom Jorge Alves de Sousa
Apesar de Dom Carlos já ter sido afastado como Bispo membro da Igreja Católica não mais exercendo qualquer cargo ou função nela, a 24 de julho de 1946, Dom Carlos foi novamente “excomugado vitando”, isto é, um excomungado a ser evitado por qualquer católico romano, noticia que ele recebeu com alegria pois desejava ardentemente ser esquecido e também esquecer que um dia havia pertencido à igreja que mais contribuiu para exploração dos negros e dos operários brasileiros.

2 comentários:

  1. Esse sim deixou um legado a ser seguido, foi brilhante como pessoa, espetacular como protetor dos princípios sociais trabalhistas e como religioso realmente exerceu um ministério dedicado as causas do povo e da igreja.

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